segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Hoje estou assim...

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego...
Grande tranqüilidade...
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que prazer olhar para as malas fítando como para nada!
Dormita, alma, dormita!
Aproveita, dormita! Dormita!
É pouco o tempo que tens! Dormita!
É a véspera de não partir nunca!

Álvaro de campos


E a música do dia... "Véspera de não partir" de Margarida Pinto


E, por enquanto, é um prazer enorme olhar para as malas como para nada... E "só" porque existem por aí umas quantas pessoas que me fazem sentir... muito! Só sentir...

Obrigada a elas... às 4 míticas do meu mundo... :)

4 comentários:

ju disse...

"Love sings when it transcends the bad things.Have a earth and try me ´cause without love i won´t survive"

Anónimo disse...

Obrigada... só porque compreendes...

...e pq todas compreenderemos...

...e tu compreendes o significado disto...aliás, creio q só tu.

Beijo

J. disse...

não tenho palavras...

AM disse...

E viva as vésperas... e viva nós...e viva o amanhã... e viva o presente e o futuro...

e viva o sempre e o nunca...