Aqueles que têm nome e nos telefonam
Um dia emagrecem – partem
Deixam-nos dobrados ao abandono
No interior duma dor inútil muda
E voraz
Arquivamos o amor no abismo do tempo
E para lá da pele negra do desgosto
Pressentimos vivo
O passageiro ardente das areias – o viajante
Que irradia um cheiro a violetas nocturnas
(…)
Nem a vida nem o que dela resta nos consola
A ausência fulgura na aurora das manhãs
E com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
O rumor do corpo a encher-se de mágoa
Assim guardamos as nuvens breves os gestos
Os Invernos o repouso a sonolência
O vento
Arrastando para longe as imagens difusas
Daqueles que amámos e não voltaram
A telefonar
Al Berto
Pela dor... parece que foi ontem...
Pela saudade... já lá vão muitos e muitos anos...
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4 comentários:
lindo o texto, mas sobretudo o que to faz publicar. uma perda que deixa esta marca é sempre a de um sentimento que um dia, um segundo, valeu a pena...
"Daqueles que amámos e não voltaram
A telefonar"
.Continuamos assim a amá-los, um "jeito estúpido de amar", mas guardamos no baú das nossas memórias esse amor com algum carinho... uma imagem destorcida dele...ainda com alguma esperança que o telefone um dia volte a tocar...
Urgentemente
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade
Porque tu permaneces sempre.
Adoro-te
Um grande beijinho*
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